17 setembro 2006

Larom, o vigilante moral.



Arremesso de comida e Garrafadas na fuça são algumas das armas de LAROM para defender os bons valores da sociedade contra vermes de todo tipo. E nesta tarefa nem seu arqui-inimigo PÓS-MODERNINHO poderá impedir o justiçamento moral daqueles que merecem!
Episódio de hoje: LAROM e o sofisticado templo dos imbecis.
Noite de "balada" sofisticada na Barra da Tijuca. Neste cenário plastificado, sem esquinas nem transeuntes, está uma casa que se pretende um mix de lounge, boate e restaurante, proporcionando várias opções de entretenimento com clima intimista, em um mesmo lugar. Pretendendo acolher a "gente que faz o Rio acontecer", o complexo conta com um jardim com grandes bancos e mesas de madeira, esculturas de ferro oxidado que "são um charme à parte", sem contar o lago de 30 metros repleto de carpas e peixes japoneses, adornado por exótica vegetação. Na entrada, uma fila maravilhosa de cerca de duzentas pessoas aguardam de narizes em pé a triagem sócio-nepotista de uma promoter/hostess que separa o joio: feios mal vestidos menos ricos, do trigo: magnatas, famosos, gringos e demais VIPS. Até os sócios têm que engolir os Thierris Figueiras passando a frente e entrando direto. Sem motivo aparente, um brutamontes soca uma mulher, pega o carro importado do papai e na fuga atropela uma menina.
Depois de aguardarem duas horas na fila, tomando chuva e recebendo deliciosas saraivadas de ovos arremessados de um viaduto próximo, os pitboys e patrícias da nobreza togada conseguem enfim pagar 50 reais para entrar. Lá dentro, percebem que o palácio encontrava-se vazio e a fila era apenas uma cortesia dos renomados marqueteiros da casa. Na pista, duas Barbies mascam chiclete e cacarejam:
- Amiga, fala sério... Olha aquela garota de tênis bamba branco todo sujo! Como a promoter não viu isso?
- Monique... Que show de horror! E tem muito viado aqui né? Sem contar essas garotas de programa dando mole pros gringos... Tipo assim, muito traaaash! Mas mudando de assunto, liiiiiiiiindo o seu celular hein!
Na mesa ao lado, três casais chegam para ocupar a mesa que tinham reservado, porém existiam apenas quatro cadeiras à disposição. Como o grupo ao lado acabara de sair, os amigos puxam duas cadeiras para sua mesa. Feito isso, um segurança próximo intervém dizendo que não poderiam desfalcar a mesa ao lado. Depois de argumentarem bastante e ouvirem a simpática frase "Se quer sentar vai pra um restaurante", os seis amigos perceberam o porquê da recusa: acabavam de adentrar o recinto três bilionários dispostos a consumir garrafas e garrafas de whisky ao lado de suas modelatrizes. Estes ilustres convidados não poderiam ficar de pé.
Na pista, nenhuma interação: homens e mulheres comportam-se como se fossem os últimos biscoitos do pacote. Os bombados vão ficando putos. Pagam 250 reais de academia, 50 reais para entrar, 5 reais por cada cerveja, 15 por uma mínima porção de batatas e não estão vendo retorno para o investimento. Um deles, amigo do dono, esbarra em um outro e a testosterona é enfim convertida em ossos quebrados. Na confusão, celulares são roubados, meninas são apalpadas e os seguranças desempenham orgulhosos sua função: "não podemos fazer nada... se quiser, chame a polícia".
Súbito, o prato da casa "Atum dos deuses" voa no crânio de um dos agressores. Um segurança, que acompanhava com olhar bovino a confusão, recebe do alto uma travessa de "Espaguete ao lagostim" na fuça. O dono do estabelecimento leva blinis de batata doce com surubim defumado ao molho Bernaise nos córneos. O cabelo alisado da promoter é atingido por ravióli de massa caseira feito de ervas frescas e recheado de queijo brie, espinafre e nozes, ao molho de cogumelos selvagens. De sobremesa, o agressor distribui mini tortas de figos e chocolate com sorvete de creme crocante e tuille de cardamômo nos rostinhos das patricinhas excitadas pelos socos dos brigões. O algoz é um monstro encapuzado que presenteia os ouvintes do lounge com a canção "Batedores - Resistindo ao Arrastão Global" do Mundo Livre S/A e é logo enquadrado por uma meiga criaturinha surgida do ambiente lounge:
- Mas que absoluta falta de... A frase é interrompida por uma garrafa do champanhe mais caro da casa que explode como um míssil na lata da pós-modernidade personificada. A boneca blasé ensangüentada é logo socorrida por Diogo Maynard, Arnaldo Jabor e Jô Soares, que fumavam charuto e jogavam sinuca no segundo andar. Enojado, o mutilador mascarado some dali, balbuciando como uma gralha esta poesia torta:
- LAROM! O vingador mascarado desaparece dali e mais uma vez os valores da comunidade estão salvos. Avante, LAROM o vigilante moral!
* Texto de Franscisco Cota
Esse é um blog que eu não parei até ler todos os posts. Pra quem não entendeu LAROM é um super-herói cuja missão e proteger os bons valores da sociedade, defendendo-a de emos, indies, flanelinhas, patys, malandros, céticos e outros estereótipos que "ameaçam " a moral da sociedade.
Achei genial a maneira do autor expor sua crítica social, de uma maneira engraçada e divertida, fazendo o herói detonar seus inimigos, e apesar de usar violência, é muito inteligente e sarcástica, vale apena conferir:
visitando a comunidade no orkut ajuda a entender a história:

4 comentários:

Anônimo disse...

Ah!! Esse blog parece ser mto bom msm!! Li pouco ainda, mas já deu p/ ter uma idéia!! =)

Outro episódio que gostei mto foi "LAROM e classe média aterrorizada"!!
Qquer semelhança eh mera coincidência, neh?! huahauah!!

Post ótimoooo!!!
Te amooo!! =***

Anônimo disse...

Muito bom mesmo! Vou mostrar o blog do cara pro Rafael, ele vai gostar também hehehe.
Até fiquei com fome na hora da briga... hm! :)

beijoo

Anônimo disse...

Ah, entendi:
LAROM = MORAL.

Anônimo disse...

caralho, paguei um pau pro LAROM. vou fazer igual você e ler todos os posts, puta idéia legal que o cara teve.
boneca blasé ensanguentada foi FODA ahiuehaieuhae
o cara é hilário! paguei pau mesmo...
mas só de colocar o jô, o jabor e o mainardi no mesmo saco de gatos eu já teria lido o texto feliz haha
flw véio
abraço