29 janeiro 2008

Brain Error


"— O que você acha que é um cérebro? — disse Jordan. — Um disco rígido gigante. Um conjunto de circuitos orgânicos. Com ninguém sabe quantos bytes. Talvez um giga elevado à enésima potência. Uma infinidade de bytes. — Ele colocou as mãos nas orelhas, que eram pequenas e bem-feitas. — Bem aqui no meio."


Em alguns países, o número de telefones celulares ultrapassava o número de habitantes, qualquer de nós pode dizer o quão dependente deles nos tornamos nos últimos anos. Naquele 10 de Outubro, às 15:03, aconteceria o evento que faria a civilização humana conhecer sua segunda Idade das Trevas.

O Pulso, como veio a ser denominado posteriormente, atingiu todas as ligações que estavam em curso em aparelhos celulares naquele momento, fazendo com que seus portadores fossem tomados pela raiva e saíssem à procura da maneira mais rápida de matar todos que estavam a sua volta.

O Caos se instalara, os que relutaram em aderir à tão útil tecnologia, os que não tinham dinheiro para fazê-lo ou tinham se lamentado, mais cedo, por ter deixado o seu aparelho em casa carregando a bateria, procuravam qualquer objeto para se defender na carnificínia que se instaurava. E o pior: se você estivesse lá, qual seria sua primeira reação ao ver seus semelhantes se devorando, carros desgovernados e gente se arremessando de prédios? Eu pegaria o celular para discar 190.


O que se passaria em nossa mente, se dela retirássemos toda nossa capacidade de raciocínio, nossa memória, todo nosso pensamento consciente, se sobrasse apenas os instintos mais básicos do homem, como o dono dela se comportaria? Os sobreviventes do massacre inicial passaram explicar o desastre à sua maneira (já que a maioria dos cientistas já estava morta ou louca poucas horas depois), fazendo analogia entre o cerébro humano e um Hard Disk: retirando-se todo o conteúdo do cerébro humano como se retiram dados de um HD, o que sobraria? Com certeza o que há de mais cru e cruel na natureza humana, nada que nos diferencie dos outros animais. Para a tristeza de Rousseau, a bestialidade, os instintos sem os freios de qualquer consciência moral prevaleceram, e se instalou a sociedade da violência e do medo.

É neste cenário que Clay, um cartunista que procurava de emprego em Boston, inicia uma jornada em busca de seu filho, lutando com a angústia por lhe ter dado um celular vermelho em seu último aniversário. Trata-se de Celular, Obra recente de Stephen King, creio não ser uma das melhores, mas foi uma boa leitura de férias.

"— Sim — concordou o Diretor. — No fundo, não somos nem um pouco Homo Sapiens. Nossa diretriz primária é matar. O que Darwin foi educado demais para dizer, meus amigos, é que dominamos a Terra não porque éramos os mais inteligentes, ou mesmo os mais cruéis, e sim porque sempre fomos os mais loucos, os mais desgraçados homicidas da floresta. E foi isso que o Pulso demonstrou cinco dias atrás."

2 comentários:

Anônimo disse...

Ah, que bom ver que você voltou. Eu também acabei achando tempo para escrever só nas férias. E agora elas já estão acabando... :( hehe.

O livro parece interessante, confesso que não sou muito fã de Stephen King, mas o enredo me chamou a atenção. Vários temas a se pensar.

beijos

Anônimo disse...

Zé, não sou hipócrita de dizer que nunca fiz download de músicas/filmes/seriados. Acontece que o Google está tomando providências contra os sites ilegais, deletando blogs e comunidades do orkut (o que está em seu direito). A briga aqui é contra os sites de downloads se intitularem 'blogs', o que, devido à ação do Google, acaba manchando a "classe" hehe.

beijoss